quinta-feira, 12 de maio de 2011

HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM


Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões (Lisboa, 19 de dezembro de 1924 - Lisboa, 21 de agosto de 1986) - Foi um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa. Publicou livros de prosa e organizou antologias. Foi tradutor de Jarry, Dostoievski, Maiakovski, Brecht e Nora Mitrani. Trabalhou como redator de publicidade e assinou colunas no jornais portugueses, Diário de Lisboa, A Capital e Jornal de Letras.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei, cara!

João Afonso Adamastor disse...

Lembrou de O'NEILL e fez bem... seguindo outras roupagens foi o começo das minhas Palavras.

seu comentário sumiu e não tenho culpa, mas obrigado.

Abraço